Buscando aprimorar sua forma de atuação e alinhar suas atividades com as melhores práticas internacionais, o BCB adotou em 2013 um novo modelo de supervisão, que se caracteriza:
No âmbito da supervisão de bancos e de conglomerados bancários, foram realizadas, em 2013, 541 atividades de fiscalização do sistema financeiro e 168 atividades de suporte, além de dois projetos visando implantar melhorias nos processos da área.
A supervisão bancária
As ações de fiscalização nos bancos e conglomerados bancários levam em consideração prioridades estratégicas e diretrizes definidas pelo BCB, além de premissas que norteiam os trabalhos da área de fiscalização no longo prazo. Entre essas ações, destacam-se:
No âmbito da supervisão de cooperativas e de instituições não bancárias, foram realizadas, em 2013, 703 atividades de fiscalização do sistema financeiro e 145 atividades de suporte, além de cinco projetos visando obter melhorias nos processos da área.
A supervisão de cooperativas e de instituições não bancárias
As principais prioridades estratégicas e diretrizes para as ações de fiscalização em cooperativas e em instituições não bancárias são:
Em decorrência do novo modelo de supervisão, o BCB instituiu o Departamento de Supervisão de Conduta. Para tanto, adotou o princípio da segregação entre a supervisão de conduta e a supervisão prudencial, de forma a resguardar a autonomia e a efetividade de ambas as áreas.
Foram definidos os seguintes objetivos para o departamento:
Para atingir esses objetivos, o departamento executou diversos tipos de inspeções, que resultaram em ações em instituições financeiras, com reflexos positivos em relação ao grau de aderência às normas e regulamentações vigentes.
Está em fase final de implementação a “inspeção remota”, nova metodologia de fiscalização, caracterizada pela elaboração e pela aplicação de roteiros de inspeção informatizados e formulários eletrônicos de requisição de informações e de documentos. Essa nova metodologia permitirá a execução e o acompanhamento de ações de fiscalização em grande escala e a distância, obtendo dados de todo o universo fiscalizável – cerca de 2 mil entidades.
O monitoramento do sistema financeiro tem como objetivo identificar tempestivamente situações ou eventos que representem risco à estabilidade e ao regular funcionamento do SFN, com vistas a propor o encaminhamento de soluções oportunas.
Com relatórios periódicos ao Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) e às áreas do BCB responsáveis pela fiscalização das instituições financeiras, o monitoramento do sistema financeiro contribui para a adoção de políticas públicas focadas na solidez e na maior eficiência do sistema como um todo (foco macroprudencial), bem como para que as instituições supervisionadas permaneçam suficientemente líquidas e capitalizadas, oferecendo maior segurança a seus depositantes e investidores (foco microprudencial).
O BCB implementou as seguintes ações no âmbito do monitoramento macroprudencial, visando dar maior transparência à sociedade:
Além disso, cabe também destacar que o BCB passou a divulgar o Índice de Valores de Garantias de Imóveis Residenciais Financiados (IVG-R), que representa a tendência de longo prazo dos valores de imóveis residenciais no Brasil. O índice é calculado com base nos valores de avaliação das residências utilizadas como garantia em financiamentos habitacionais, disponíveis no Sistema de Informação do Crédito (SCR). A série se inicia em março de 2001, sendo, portanto, o indicador de preços de imóveis residenciais que cobre o período mais longo entre os existentes no Brasil.
A importância do monitoramento macroprudencial
A recente crise financeira expôs vulnerabilidades nos sistemas financeiros em todo o mundo, e muitas lições foram aprendidas. Uma das mais importantes é que o monitoramento do sistema financeiro como um todo precisa ser fortalecido.
É nesse contexto que se insere o monitoramento macroprudencial, cujo foco são eventos que possam pôr em risco a estabilidade do sistema financeiro em seu conjunto. Além disso, suas análises levam em conta as interações entre as instituições supervisionadas e seu ambiente: as outras instituições, os mercados financeiros, o setor externo, as empresas não financeiras, as famílias e a economia real.
Embora não seja um conceito novo na área responsável pelo monitoramento, a formalização da existência da área macroprudencial foi realizada em 2013 pelo BCB.
O monitoramento microprudencial utiliza uma visão comparativa entre instituições para identificar comportamentos destoantes ou que, por si só, representem risco às instituições supervisionadas. Esse acompanhamento cobre as mais diversas perspectivas – como análise de balanços e balancetes, limites operacionais e solvência – e inclui análise de riscos como de crédito, de liquidez e de mercado, bem como a atuação das instituições em alguns mercados, como títulos, valores mobiliários, derivativos e câmbio.
No contexto do monitoramento microprudencial, o Sistema de Monitoramento de Mercado (SMM) se consolidou como a principal ferramenta para monitoramento dos riscos de liquidez e de mercado a que as instituições supervisionadas estão expostas.
No período, foram incorporadas novas análises aos dados do SMM, que passaram a permitir melhor identificação, mensuração e monitoramento de riscos decorrentes das exposições de operações ativas, passivas e de instrumentos financeiros derivativos. Entre esses avanços, destaca-se a análise bidimensional, que compara diversos cenários de variações nas taxas de juros prefixados e na cotação do dólar americano em relação ao real, o que contribui para aprimorar o monitoramento de eventuais problemas de liquidez nas instituições supervisionadas.
O Comef
O Comef, composto pelo presidente e pelos diretores do BCB, foi criado em 2011 com o objetivo de avaliar a estabilidade financeira e definir as estratégias do Banco Central para a mitigação do risco sistêmico.
A crise financeira internacional, que teve seu auge no ano de 2008, deixou claro que a regulação prudencial aplicada às instituições financeiras individualmente, embora fundamental, não garante a estabilidade do sistema, primeiro, porque as interações entre as instituições financeiras podem não ser adequadamente levadas em conta nesse tipo de regulação e, em segundo lugar, porque os ciclos econômicos influenciam, de forma conjunta, a maneira como as instituições financeiras lidam com o risco.
Assim, na preservação da estabilidade financeira, é necessária uma atuação integrada das políticas monetária e cambial, de regulação e de supervisão. Tais políticas, quando destinadas a garantir a estabilidade financeira, são denominadas de políticas macroprudenciais. É importante notar que a questão da estabilidade financeira encontra-se na missão do BCB: assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente.
O Comef é um órgão de governança do Banco Central que visa a integrar as diversas áreas cujas atribuições se relacionam com o tema da estabilidade financeira. Suas reuniões são trimestrais e o calendário pode ser visualizado na página do BCB na internet.
A nova versão do SCR, lançada em 2012, passou a identificar mensalmente 70 milhões de clientes e 460 milhões de operações de crédito ativas, correspondendo a 99% do volume do crédito concedido pelo SFN. Ao longo de 2013, o SCR estabeleceu-se como a principal ferramenta para o monitoramento do risco de crédito, trazendo significativa revisão e evolução desse processo. Além disso, o SCR vem firmando-se como importante fonte de informações para o processo de inclusão e de educação financeira.
O BCB iniciou o Projeto de Modernização da Estrutura de Supervisão, Organização e Regulação dos Segmentos não Bancários (SNB). O objetivo é avaliar a função das cooperativas de crédito e dos segmentos não bancários existentes no SFN; propor a racionalização de suas estruturas e dos custos de observância; e aprimorar o modelo de supervisão, incluindo os processos de autorização, fiscalização, monitoramento e saneamento.
A razão dessa iniciativa está na percepção do BCB do papel a ser desempenhado pelo segmento não bancário no aumento da eficiência, da concorrência e da capilaridade do sistema financeiro. Com isso, há necessidade de estabelecer padrões de regulamentação e supervisão que permitam o pleno aproveitamento desse potencial.
Um dos resultados esperados é o desenvolvimento de meios para que as entidades não bancárias obtenham ganhos de eficiência, de escala e de competitividade. Com a revisão dos custos de observância, o BCB espera racionalizar as estruturas de governança, de controles internos e de gestão de riscos, tornando-as mais efetivas na gestão dessas instituições. Já com o aprimoramento do modelo de supervisão, o BCB espera obter maior integração e eficiência dos procedimentos de autorização, fiscalização, monitoramento e normatização das entidades supervisionadas.