O ano foi marcado por diversas alterações de humor e de expectativas, quase sempre em razão de dificuldades de interpretação da real situação da economia norte-americana e dos rumos das políticas monetária e fiscal naquele país. Apesar do otimismo prevalente nos primeiros meses do ano, a atividade econômica global manteve ritmo lento, porém com tendência de elevação no final do período, gerando expectativas favoráveis para 2014.
As economias avançadas voltaram a apresentar taxas de crescimento positivas, mesmo que várias não tenham resolvido questões relevantes, como desequilíbrios no setor financeiro, desemprego – ainda em níveis recordes – e ajustes nas contas públicas.
As economias emergentes, que desde o advento da crise financeira internacional vinham sendo responsáveis por parcela significativa do crescimento global, enfrentaram um ano difícil, tendo de lidar com o duplo desafio que a desaceleração econômica apresenta, haja vista ser, em parte, decorrência de problemas internos, em meio a condições financeiras globais menos favoráveis.
Nos Estados Unidos da América (EUA), um ajuste fiscal baseado em restrições de gastos públicos e fim de isenções tributárias e a incerteza provocada pela ausência de acordo para elevação do limite da dívida pública afetaram negativamente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que alcançou 1,1% em termos anualizados.
Na Zona do Euro, mergulhada em sua mais longa recessão, a taxa de desemprego alcançou o nível recorde de 12,1% em abril. Diante desse contexto, em maio, e novamente em novembro, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa básica de juros em 25 pontos-base, atingindo a nova mínima histórica de 0,25% ao ano (a.a.). A economia da região só voltou a crescer no segundo trimestre, após seis trimestres consecutivos em contração.
O desempenho relativamente fraco das economias maduras no primeiro trimestre teve impacto negativo sobre o comércio internacional, contribuindo para desacelerar a atividade econômica da China pelo terceiro trimestre consecutivo. De forma diversa, no Japão, o ganho de tração econômica, percebido desde o início do ano, confirmou-se no segundo trimestre com desempenho favorável da indústria e das exportações. A inflação anual, após doze meses consecutivos de contração de preços, atingiu patamar levemente positivo em junho. Esse resultado foi influenciado pela decisão das autoridades japonesas, em abril, de adotar um amplo programa de afrouxamento monetário.
No segundo trimestre, a economia norte-americana cresceu de forma moderada, com base no fortalecimento dos mercados imobiliário e de trabalho. Nesse ambiente, o banco central dos EUA (Federal Reserve [Fed]) anunciou a possibilidade de início de redução de estímulos monetários antes do que era previsto até aquele momento. Em decorrência disso, observou-se volatilidade nos mercados financeiros globais, com alta expressiva dos juros dos títulos de dez anos do Tesouro americano, e redução dos fluxos de capitais para as economias emergentes, que registraram significativa desvalorização de suas moedas e mercados acionários.
No terceiro trimestre, a retomada do crescimento nos EUA contribuiu para um avanço do comércio internacional, beneficiando a atividade econômica na China.
Em meados de setembro, na contramão das previsões do mercado, o Fed decidiu manter inalterado seu programa de estímulos monetários, o que contribuiu para a redução dos juros dos títulos de dez anos dos EUA e para a valorização das moedas e dos mercados acionários de economias emergentes naquele momento. Somente no final do ano, o Fed anunciou o início da redução do estímulo monetário a partir de janeiro de 2014. A decisão fortaleceu a visão dos investidores de que o banco central norte-americano continuará reduzindo o programa de estímulos ao longo de 2014, a depender das condições econômicas nos Estados Unidos.
Do ponto de vista da atividade econômica global, vários elementos positivos no quarto trimestre contribuíram para expectativas mais otimistas para 2014, entre eles: a recuperação em curso nos países do denominado G4 (integrado por EUA, Área do Euro, Reino Unido e Japão); condições fiscais menos restritivas nos EUA; a baixa probabilidade de desaceleração drástica na economia chinesa; o recuo dos preços da energia; a redução da aversão ao risco e da volatilidade nos mercados financeiros internacionais.